quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Glossário- Guerras Mundiais e Revolução Russa

a) Neocolonialismo: processo imperialista de expansão territorial e cultural que foi desenvolvido pelas potências europeias sobre a África e a Ásia. Este processo, desencadeado pela segunda fase da Revolução Industrial, levou os países europeus a procurarem mercados para a produção excedente em outros países.
b) Belle époque: Período da história cultural europeia que vai do último quartel do século XIX até a eclosão da Primeira Guerra Mundial. Por trás dos conflitos entre os países europeus, o período é marcado como uma época de ouro de grande produção artística e cultural.
c) Tríplice Aliança: acordo militar entre Itália e os Impérios Alemão e Austro-húngaro. Foi formada em 1882. Um ano após estourar a Primeira Guerra Mundial, em 1915, a Itália mudou de aliança e passou a combater ao lado Tríplice Entente.
d) Tríplice Entente: aliança militar formada entre França, Império Russo e Reino Unido. Ao fim da Primeira Guerra Mundial os EUA entraram no conflito ao lado da Entente e foram decisivos para a vitória desta.
e) Guerra das Trincheiras: Período mais letal da Primeira Guerra Mundial na frente ocidental. Recebeu este nome pela técnica de combate adotada: os soldados abrigavam-se em grandes trincheiras cavadas por eles mesmos.
f) Tratado de Versalhes: oficializou o fim da Primeira Guerra Mundial em 1919. O Tratado impôs pesadas penas à Alemanha, fazendo com que o país perdesse partes de seu território e suas colônias ultramarinas, além de obrigar a redução do exército.
g) Liga das Nações: Criada após o término da I Guerra Mundial, era uma organização internacional onde os países pretendiam mediar conflitos, mantendo, assim, a paz e a ordem no mundo.
h) Sovietes: surgidos na Rússia em 1905, eram conselhos formados por operários, soldados e camponeses que lutavam por condições de vida mais dignas. Foram atores atuantes na Revolução Russa de 1917.
i) Domingo Sangrento: massacre ocorrido na Rússia em 22 de janeiro de 1905 na cidade de São Petesburgo. Manifestantes que exigiam soluções para os problemas do país ao czar Nicolau II foram massacrados.
j) Mencheviques: significa representantes da minoria. Trata-se de uma facção do movimento revolucionário Russo. Dissipou-se do Partido Operário Socialdemocrata Russo no segundo congresso do partido, quando Martov descordou da ideias de Lênin, líder Bolchevique.
l) Bolcheviques: significa representantes da maioria. Trata-se de uma facção do movimento revolucionário Russo. Dissipou-se do Partido Operário Socialdemocrata Russo no segundo congresso do partido. Tem como principal líder Vladimir Lênin.
m) Duma: assembleia legislativa do Império Russo que era convocada sempre que o país encontrava-se em crise, como é o caso das revoluções de 1905 e 1917. O czar tinha o poder de dissolver a Duma e convocar novas eleições sempre que quisesse.
n) Exército branco: força política e militar russa que se opôs aos Bolcheviques na Revolução de Outubro de 1917. Teve como principais líderes os generais Kornilov e Dernikin.
o) Exército Vermelho: exército criado por Trotsky, líder Bolchevique, para defender o governo de Lênin durante a Guerra Civil Russa (1918-1921). Era o opositor do Exército branco, comando pela oposição política, os Mencheviques.
p)Nazismo: regime instaurado na Alemanha em 1934 por Adolf Hitler. Foi a versão extrema do fascismo italiano de Benito Mussolini. Entre os fundamentos nazistas estão o nacionalismo, o imperialismo e o racismo.
q) Antissemitismo: é o preconceito ou ódio injustificado e gratuito contra judeus e tudo que está relacionado a este povo, como sua crença e sua cultura. Foi umas das características mais marcantes do nazismo alemão.
r) Holocausto: Foi o assassinato massificado de judeus (acredita-se que em torno de seis milhões) realizado pela Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Em hebraico, a palavra significa catástrofe.
s) Schutzstaffel: organização paramilitar existente durante a Alemanha Nazista. Edificada na ideologia nazista, a organização foi a responsável por comandar muitos dos crimes contra a humanidade cometidos durante a II Guerra Mundial. Também conhecida pela sigla SS.
t) Arianismo: crença sustentada pela ideologia nazista. A raça ariana seria superior às demais e deveria ser propagada para o mundo. O termo ariano, em sua origem, significa nobre, em uma clara visão de que esta etnia era superior as demais.
u) Fascismo: regime autoritário criado na Itália por Benito Mussolini após o término da I Guerra Mundial. No poder, Mussolini dirigiu um governo autoritário, proibindo partidos políticos e sindicatos não fascistas.


Viajantes no Rio Grande do Sul- Luccock

Luccock
John Luccock, nascido em 1770, foi um comerciante inglês. Aproveitando o momento propício para o comércio inglês no Brasil, após a vinda da família real portuguesa, em 1808, o comerciante visitou o Rio Grande do Sul e aqui permaneceu durante dois meses, no ano de 1809.                                                                                  

Regressando à Inglaterra, Luccock publicou, em 1820, suas observações durante a permanência no Brasil, sob o título de Notas sobre o Rio de Janeiro e partes Meridionais do Brasil. No período em que esteve no Rio Grande do Sul, esteve em Pelotas, Rio Grande e Porto Alegre, fazendo detalhadas observações sobre estas cidades, especialmente no que diz respeito à geografia local. Descreveu o porto de Rio Grande, com ênfase para os grandes bancos de areia. Comentou, também, sobre os passeios realizados às ruínas do Forte Nossa Senhora da Conceição do Estreito, destacando a amabilidade com a qual foi tratado pelos moradores da cidade.                                                                                  

Outro ponto da cidade que Luccock considerou importante fazer referência foi a catedral, que classificou como “singela, tanto por fora como por dentro”, sendo, porém, bela. A alfandega, diferentemente da igreja, foi considerada “digna de lástima”, assim como a cadeia, descrita como um prédio com péssimas condições de ocupação. A casa do governador não se destacava das demais, mas sua presença, nas ruas, era anunciada com tambores e ovações. Nas palavras do viajante, o governador usava uniforme de general e, durante seu passeio pela cidade, cumprimentava as pessoas de maneira cordial, transmitindo conforto e segurança.                                                                                    

Luccock veio ao Rio Grande do Sul seduzido pela possibilidade de enriquecimento, uma vez que o comércio inglês estava em alta no Brasil. Antes de iniciar a venda de seus artigos, o navio do viajante foi vistoriado por ingleses, que terminaram a tarefa rapidamente, e portugueses, que solicitaram “algumas propinas” para a liberação da carga. Quando iniciou o leilão para a venda dos produtos, apesar de Luccock ter infiltrado um conhecido para elevar os lances, a decepção não pode ser escondida, uma vez que esta mesma pessoa acabou comprando todos os lotes, dados os baixos lances.                                                                                                                                   

 Chamou a atenção do viajante a pouca presença de ingleses no Rio Grande do Sul, fator que o motivou a participar da criação de um clube inglês para “passar o tempo”. Destacou, também, o pouco luxo presente nas residências, aliado a um mobiliário simples, e a grande presença de escravos, visto afirmar que uma boa parte da população era formada por cativos.                                                                                                                                     

  Apesar de não serem um sucesso financeiro, os dois meses que Luccock permaneceu no Rio Grande do Sul valeram para descrever com detalhes o panorama econômico e social do estado no início do século XIX. Embora as expectativas de lucro do comerciante não tenham sido atendidas, a experiências que o inglês vivenciou no sul do Brasil serviram para dar um bom panorama do Rio Grande do Sul no começo do Oitocentos.            

As Ditaduras no Cone Sul


Os anos sombrios
Os governos ditatoriais que existiram na América Latina ao longo do século XX ainda são temas de constante debate historiográfico. Por se tratar de um tema que envolve interesses de diferentes seguimentos da sociedade e que relativamente ainda atual, as ditaduras militares no Cone Sul vem seguidamente sendo reinterpretadas pela historiografia.               Sabe-se que é difícil estabelecer generalizações com relação a produção historiográfica recente sobre o tema nos diversos países, devido as variações das histórias nacionais e pelo funcionamento do âmbito universitário em cada país. Porém, como ponto em comum, verificou-se um grande interesse pela natureza e o processo político dos regimes autoritários e seus autores, ressaltando, inclusive, a dimensão autoritária. Neste contexto, a autonomia política foi utilizada para explicar os fundamentos, sendo que as ditaduras foram resultado de arranjos institucionais que respondiam as novas necessidades do capital institucionalizada que procurava apoio nas forças militares para proteger seus interesses e garantir a dominação da classe.                        
Contestando esta ideia, uma interpretação anti-economicista surge, produzindo diferentes resultados, criticando o desinteresse pelos estudos políticos e sociais, focando apenas na economia. Nos últimos anos, apesar de ter havido uma significativa melhora na compreensão das ditaduras como processos únicos em cada país, surgiram novas dificuldades, como a difícil tarefa de realizar comparação entre os regimes dos diferentes países sem cair no erro das homogeneizações.                                                
Um segundo tema que tenha sido alvo de estudo nos diversos países diz respeito as organizações e projetos políticos e revolucionários de esquerda, que teoricamente teriam sido o principal adversário real e imaginário das ditaduras, especialmente dos grupos armados. O interesse pelo aspecto ideológico deveu-se, muitas vezes, a uma historiografia com grande empatia pela esquerda em uma época em que o cenário político da América Latina estava em aberto e não se limitava a democracia liberal. Demonstra também a simpatia da historiografia com as vítimas mais visíveis dos regimes autoritários.              
Um terceiro tema que tem sido alvo de revisão pela historiografia diz respeito ao local e ao tempo onde estes eventos ocorreram. Tem-se, em um primeiro momento, estudos muito reduzidos no que refere-se ao eventos locais, provinciais, sendo que a maioria dos estudos abordava o país como um todos homogêneo. Logicamente, é necessário buscar uma história das regiões periféricas, que muitas vezes destoa da história tradicional das grandes capitais. É necessário também realizar uma renovação temporal das ditaduras, que devem ser entendidas dentro de um processo e não reduzidas somente ao período em que os militares estiveram no poder.                                                                   
Por fim, um tema que já foi revisto diz respeito aos grupos que participaram de tais governos; Em um primeiro momento, as ditaduras que eram chamadas de “militares”, passaram a receber a denominação de “civis-militares”, uma vez que se percebeu a forte participação da massa civil no processo que instaurou ditaduras nos países latino-americanos. Talvez sem o apoio dos civis, os militares não pudessem se manter tantos anos no poder, tal como aconteceu no Brasil, por exemplo.








sábado, 31 de outubro de 2015

A Guerra Fria e a América Latina

       A Guerra Fria, apesar de não ter apresenta um conflito militar direto entre EUA e União soviética, apresentou consequência consideráveis para os dois países envolvidos e também para o restante do mundo. Logo, a América Latina não ficou excluída deste processo, sendo que os efeitos do conflito foram sentido também aqui. Por sinal, pode-se afirmar que o continente foi um importante local onde o interesse e a influência política se manifestaram: era preciso demonstrar na América a força e o poder de seu regime, independente de este ser comunista ou capitalista.      Assim, é impossível falar sobre os desdobramentos da Guerra Fria sem frisar o óbvio repartimento do mundo em dois blocos distintos: o capitalista, liderado pelos EUA, e o comunista, liderado pela União Soviética.                                                                             
         O primeiro ponto a ser destacado é a criação do plano Marshall criado pelo governo dos EUA, com o objetivo de arquitetar alianças contra o regime comunista. Assim, os norte-americanos ajudavam financeiramente os países capitalistas da Europa que, após a Segunda Guerra Mundial, estavam seriamente debilitados. Em seguida, e não menos importante, é preciso analisar a corrida nuclear e armamentista; Nos EUA, assim como na União Soviética, a Guerra Fria incentivou como nunca a pesquisa e o desenvolvimento de novas armas; A conquista e o controle dos agente nucleares para a produção de armas colocou o mundo em constante medo: a qualquer momento poderia ocorrer uma hecatombe nuclear que destruiria o planeta.                        
      A corrida espacial é outro importante ponto que irá marcar a Guerra Fria. A incessante busca pela conquista do espaço leva a um gigantesco avanço em diversos setores, como, por exemplo, a construção de peças de naves e foguetes que eram lançados para fora do planeta; O confronto ideológico entre as duas superpotências levou o homem à lua; Conquistar o espaço era uma questão de demonstração de poder e de força.        

       Na América Latina, a Guerra Fria mostrou-se de maneira subjetiva. Apesar de não ocorrerem conflitos armados, os países americanos foram alvos do jogo político das duas superpotências; Era preciso expandir sempre mais a ideologia escolhida, e neste sentido a América Latina serviu como “celeiro” para a implantação das ideias e do modo de viver norte-americano. O continente foi também palco da famosa crise dos mísseis, em cuba: em 1962 o país foi palco de um dos momentos mais tensos da Guerra Fria, quando EUA e União Soviética estiveram mais próximos do que nunca de praticarem um conflito nuclear direto.                                                                    
          Após a Segunda Guerra, o Brasil colocou-se no bloco capitalista. Porém, após 1961, com a política independente desenvolvida por Jânio Quadros, o medo do avanço comunista tornou-se constante. Assim, o presidente americano Richard Nixon é uma das figuras que mais irá marcas esta relação norte-americana com os irmãos latino, mais precisamente com o Brasil: encontrando-se com o presidente brasileiro Emílio Garrastazu Médici, no auge da Guerra Fria, elaborou estratégia para conter o avanço do regime oposto ao seu; Apesar de o governo norte-americano não concordar com o modelo de desenvolvimento proposto pelo governo militar no Brasil, ambos os países tinham o interesse de controlar o avanço comunista no continente. Em Cuba, a ameaça comunista levou os EUA a derrubarem um presidente, apesar de anos mais tarde Fidel Castro ter assumido o poder e instaurado o regime comunista.                
        Na América Latina, em muitos países, os EUA incentivaram e conduziram a instalação de ditaduras civis-militares.    Em 1959 a Revolução Cubana cravou um importante ponto comunista na América; Era preciso evitar que “outras Cubas” surgissem no continente. Diante disto, os EUA precisavam reforçar ainda mais suas áreas de atuação e garantir a soberania do regime capitalista nos demais países da América, o que se verifica no apoio aos regimes ditatoriais sul-americanos, como Brasil, Chile e Argentina.                                                                                                       
       A Guerra Fria pode ser entendida sucintamente como o mundo polarizado. A chance de um conflito direto entre as superpotências era extremamente evitado, visto que se isto acontecesse provavelmente seria fatal. Considerando que tratava-se de um conflito bastante ideológico, é fácil perceber que os adversários desejavam aumentar suas zonas de influência; Neste sentido, a América Latina foi palco de disputa entre americanos e soviéticos, ambos querendo implantar seu sistema econômico no continente americano.

Os Regimes Oligárquicos na América Latina

        Os regimes oligárquicos são, claramente, um sistema de dominação das classes aristocráticas. Em uma época que a posse da terra era de vital importante, é lógico pensarmos que aqueles que a possuíam detinham grande poder político e de dominação sobre os demais cidadãos.           
            Economicamente falando, os regimes oligárquicos da América Latina são marcados pela grande dependência do capital estrangeiro. Com a integração dos países latino-americanos na economia mundial, devido a divisão internacional do trabalho, cada país se especializou na produção de determinado produto. Nesta divisão, podemos destacar três grupos de produtos: agrícolas, composto pela Argentina e pelo Uruguai; Agrícolas tropical, formado por Brasil, Colômbia, Equador, América Central e Caribe; Minerais, o qual faziam parte México, Chile, Peru e Bolívia. Destaque-se, ainda, que México e Venezuela tivessem uma produção variada. Independente da produção, agrícola ou mineral, é importante observar que a economia latino-americana é marcada pela produção de alimentos e de matérias primas baratas para o mercado externo.                                               
          A entrada de capital estrangeiro causou consequências diferentes nos diversos países da América. Em países de produção agrícola, como a Argentina, beneficiou ao conjunto da população, conforme destaca Dabene (2003). Já nos países agrícolas tropicais, como é o caso do Brasil, o dinheiro vindo de fora serviu para consolidar a estrutura de produção já existente, fazendo que o capital permanecesse, em grande parte, nas mãos dos nacionais. Nos países de economia mineradora, por sua vez, o dinheiro produzido fico, majoritariamente, com estrangeiros. A economia latino americana no período oligárquico pode ser sintetizada assim: “os regimes políticos deviam dedicar-se a criar condições favoráveis ao crescimento econômico, o que significa em primeiro lugar, a construção e infraestrutura como a ferroviária.Priorizou-se a exportação de matéria prima e a importação de produtos manufaturados” (DABENE,2003, p. 24)              
          No campo social, a época oligárquica é marcada por um grande crescimento populacional, principalmente os países de  clima tropical, devido, principalmente, a imigração europeia. Tal migração teve importante consequências, provocando em países como Argentina, Brasil, Chile e Uruguai, a presença de uma população europeia homogênea. Acentue-se, ainda, a renovação das fronteiras, a revalorização de novos espaços e o nascimento de novas cidades. Além disso, sem qualificação, os europeus que vieram para a América adensaram uma nova classe trabalhadora, visto que vieram para satisfazer as necessidades de uma agricultura de exportação, apesar de, etnicamente, estarem próximos da classes dominantes. Em suma, os estrangeiros foram os agentes de grande parte da mão de obra existe na América Latina.                                                                 
        No âmbito político, o regime oligárquico é marcado pela eliminação, ou quando não possível, incorporação dos caudilhos em um sistema de colaboração com poder central. A ideologia dominante era a do positivismo, de Augusto Comte. Assim, a política deveria ser considerada como uma ciência experimental. 
    Defendendo que era papel do Estado buscar condições que propiciassem a modernização da sociedade, os positivistas deixavam claro a preferência por regimes políticos tecnocráticos ou autoritários. Destaque-se, ainda que não se pode entender a política oligárquica como uma unidade em toda a América: numerosos regimes trabalharam a favor de um regime democrático, apesar de, na maioria dos casos, as oligarquias se limitassem a explorar o clientelismo.

O Populismo no Brasil



            O político populista é aquele que estabelece laços emocionais, e muitas vezes não racionais, com o povo. Muitas vezes, este tem contato direto com o povo, não necessitando, para isto, de um intermediário. Como faz ações que agradam as grandes massas, geralmente o líder populista é adorado pela população de baixa renda. No Brasil, esta característica manifesta-se fortemente na figura de Getúlio Vargas, o presidente da república que ficou conhecido como o Pai dos Pobres.                                                                  O governo de Vargas é marcado por sua liderança carismática e a dedicação na implantação das leis trabalhistas, que melhoram sensivelmente as condições de trabalho dos operários brasileiros. Por meio da propaganda, Vargas construiu uma imagem afetuosa e protetora para a nação, sobretudo em seus discursos inflamados no dia 1° de maio, dia do trabalho. Destaca-se, também, o aumento de 100 % dado ao salário mínimo, concedido pelo ministro do Trabalho João Goulart. Getúlio lutou contra as oligarquias, manteve o povo controlado e consolidou a indústria. Em época de mudanças políticas, em que o poder estava passando das oligarquias aristocráticas para a burguesia industrial, Vargas soube conciliar o interesse das massas com o daqueles que poderiam apoiá-lo financeiramente, em uma clara atitude populista.                       
      Considerando que o conceito que utilizarei para  populismo é: termo que denomina um tipo de governo onde os governantes procuram realizar favores ao povo, ou seja, procuram integrar socialmente as classes menos favorecidas, a fim de conquistar a simpatia das mesmas e assim, poderem exercer um autoritarismo “concedido”. Em suma, trata-se de uma política de conciliação de interesses, fundamental para manter regimes onde o poder está nas mãos de poucos. O poder, que antes estava retido unicamente nas mãos das classes dominantes, continua em grande parte com estas, mas o povo passa a ter, ou pelo menos pensa em ter, paulatinamente, uma participação na vida política.Para alcançar a simpatia do povo,o líder populista concede benefícios como empregos e aposentadorias para a população, a fim de conquistar a confiança da mesma, percebe-se que o governo Vargas enquadra-se perfeitamente. Porém, é preciso notar que o presidente destitui líderes trabalhistas sindicais para colocar pessoas de seu próprio interesse, o que é contrário ao interesse das grandes massas. A legislação trabalhista, que é uma luta antiga e que foi apropriada pelos políticos populistas, não pode ser interpretada unicamente como uma concessão benéfica, mas também como um meio para controlar as massas trabalhistas. Em suma, a visão clássica de um populismo que existe para atender unicamente as vontades do povo desfaz-se com o governo Vargas; Analisando-o, é possível ver a típica política conciliadora de interesses que é o calcanhar de Aquiles dos regimes populistas.

A Revolução Cubana


            A Revolução Cubana 1959 deve ser entendida dentro de um processo que tem suas origens no período de independência do país. É importante Considerar que Cuba foi a última colônia da América Latina a obter a independência da Espanha, em 1898, após ocorrerem duas guerras.  independência cubana conta com forte apoio norte americano, o que vai consolidar-se por meio da emenda Platt, que estabelecerá as bases das relações amigáveis entre os dois países. Logo, a presença dos EUA levará o processo de independência de Cuba a apresentar peculiaridades com relação aos demais países latino-americanos; Para muitos revolucionários, a atuação norte americana acabou com antigos sonhos de liberdade e soberania que eram as bases do movimento, conforme Ayerbe (2004).Assim, percebe-se semelhança entre dois processos revolucionários: o primeiro, de independência do país, e o segundo, a Revolução de 1959.

[...]O processo revolucionário que derruba o regime de Fulgêncio Batista retoma a trajetória dos movimentos do século XIX, vinculando a libertação nacional e social aos desafios da guerra fria: a luta contra uma ditadura que favorece os interesses norte-americanos, na direção de uma sociedade mais justa e igualitária. (AYERBE, 2004, p. 26).

        Em 1952, o golpe militar aplicado por Fulgencio Batista acabou com um período de oito anos de de democracia, fechando, assim, o caminho da política institucional para lideranças que acreditavam na legitimidade do sistema como premissa para o encaminhamento das mudanças econômicas e sociais que Cuba precisava. Dentre estas lideranças destacava-se Fidel Castro, integrante do partido ortodoxo, criado em 1947. Castro nasceu em 1923, filho de um rico fazendeiro. Sempre ligado a política, liderou alguns movimentos insurrecionais na década de 1950, sem obter sucesso. Estas tentativas levarão o líder insurreicionista a prisão, recebendo a anistia em 15 de maio de 1955. Esta libertação deveu-se, além da pressão popular, a nova situação política gerada por Fulgencio Batista, que convocara eleições para 1954 e concorreria como candidato único após a desistência dos oposicionistas. Livre, Fidel Castro parte para o México onde organiza um grupo de combatentes com o objetivo de retornar a Cuba e promover uma nova insurreição. Durante este tempo, mantem-se em contato com a resistência que existia clandestinamente em Cuba.

A força expedicionária, composta por 82 homens, 78 cubanos, uma argentino, um italiano, um mexicano e um dominicano, embarcará em 25 de novembro de 1956 a bordo do Granma, barco de transporte de turistas reformado, com capacidade para 25 pessoas(AYERBE, 2004, p.34).       
                              
         Estando os exércitos de Fulgencio Batista de sobreaviso, estes executaram um ataque devastador, sendo que apenas doze homens sobreviveram. Dos sobreviventes que se dispersam, surgem grupos guerrilheiros nos campos, que procurarão integrar justamente a população mais pobre do pais. Em junho de 1957, estes grupos guerrilheiros irão se dividir em três colunas comandadas sob Fidel Castro, Raul Castro e Ernesto “Che” Guevara, de nacionalidade argentina. Com o fortalecimento do movimento revolucionário no campo, o clima nas cidades começa a também se agitar: em 13 de março o Diretório Revolucionário e os setores vinculados ao ex-presidente Socarrás promovem o assalto ao Palácio Presidencial, residência oficial do presidente Fulgencio Batista. A ação, porém, fracassou, sendo que os exércitos presidenciais eliminaram 35 dos 50 combatentes revolucionários.    

           Neste cenário de aumento da ala oposicionista, tornar-se público, em junho de 1957, o “Manifesto da Sierra Maestra”, documento no qual Fidel Castro apresenta um programa de unificação das oposições contra o regime de Batista. Assim, o manifesto exigia a recusa do presidente, a convocação de um governo provisório e de eleições gerais, a promoção de mudanças econômicas no âmbito da reforma agrária, a aceleração da industrialização e a geração de vagas de empregos. Em 9 de abril de 1958 organizou-se uma greve geral nas cidades que não obteve o sucesso esperado. Com o fracasso da paralisação, Batista lança uma ofensiva militar contra os revolucionários, com uma tropa de mais de dez mil soldados. Após 75 dias e de ter sofrido mais de mil baixas, o exército presidencial se vê obrigado a recuar. A partir daí, começa a se configurar a vitória dos revolucionários.Em 20 de julho todos os grupos que apoiavam os revolucionário reuniram-se em Caracas, capital da Venezuela, e assinam o Pacto de Caracas, documento que solicita que os Estados Unidos suspendam a ajuda ao governo de Batista, principalmente no campo militar. Neste momento, as forças de guerrilha incorporam também elementos de outras organizações, como o Diretório Revolucionário e o Partido Socialista Popular. A partir de agosto, desencadeia-se a ofensiva fina: em 31 de dezembro, Batista abandona Cuba e os revolucionários conquistam o poder. 
     A história da Revolução Cubana, assim como de muitos outros processos revolucionários latino-americanos, é marcado por lutas sangrentas e longas. De maneira geral, percebe-se o desejo de maior participação do povo nas decisões políticas e um desejo de maior igualdade entre os cidadãos.














A Crise Econômica de 1929

A Crise econômica de 1929 acabou com as certezas econômicas, sociais e a falsa prosperidade que se pensava haver na década de 1920, os conhecidos anos loucos. O consumismo desenfreado era visto como algo necessário para se alcançar a felicidade, levando a população a crer que a recessão, os problemas imprevisíveis, o desemprego e o infortúnio social estivessem distantes e nunca mais pudessem voltar a aparecer.     Por trás de todo o cenário de prosperidade, porém, haviam sérios problemas. A riqueza econômica e o poder político ainda estavam distribuídos de forma bastante desigual. Além disto, o poder de compra da população estava bastante reduzido.
No fim da década, um salário de 1,8 mil dólares ao ano foi considerado necessário para manter um padrão de vida minimamente decente, mas o salário médio do trabalhador americano era do patamar de 1,5 mil dólares. Somente com o trabalho assalariado de vários de seus membros, uma família da classe trabalhadora poderia sobreviver.( KARNAL et. Al., 2007, p. 200)
            O que torna a crise americano peculiar é que, embora países capitalistas tenham sofrido depressões no passado, nenhuma delas foi tão grave, longa e mundial quanto a crise de 1929. Para analistas como Alan Brinkley, a causas da depressão podem ser resumidas em três eixos principais:
a)A economia americana da década de 1920 era pouco diversificada, estando o crescimento econômico condicionado a poucas industrias, como a automobilística e a de construção civil.

b) A distribuição desigual da renda gerava um mercado consumidor bastante limitado. 

c) Muitos bancos eram dependentes dos empréstimos de grandes fazendeiros, negociantes e países estrangeiros. No momento em que a crise agravou-se, os devedores não foram capazes de pagar suas dívidas, gerando uma “bola de neve” de falências.    

As consequências da crise de 1929 são as piores possíveis:  diminuição de 60 % da renda familiar nas pequenas propriedade no período entre 1929 e 1932, sendo que um terço dos proprietários perderam suas terras. Muitas pessoas migraram para as cidades e empregaram-se nos agronegócios, onde receberam salários baixíssimos. Com isto, os desempregados, principalmente aqueles que eram trabalhadores rurais, vagavam pelas cidades em busca de emprego e alimentação. Nas cidades industrias, as condições tornaram-se de extrema miséria, com muitos desempregados andando maltrapilhos pelas ruas. As mulheres negras, a grande maioria empregadas domésticas, perderam seus empregos, visto que já não eram mais possível para seus patrões   mantê-las. De maneira geral, todos os setores da sociedade americana foram prejudicadas. Considerando os EUA como um dos grandes centros da economia capitalista mundial, é fácil concluir que a crise internacionalizou-se rapidamente, o que provoca uma recessão econômica mundial.

sábado, 24 de outubro de 2015

Os Estados Unidos e a ditadura civil-militar

Os Estados Unidos e o Golpe Militar de 1964
            Passados 50 anos do golpe militar que destituiu o presidente João Goulart e instalou a ditadura militar no Brasil, os debates historiográficos sobre os diversos pontos que construíram o evento nunca foram tão fortes. Uma das questões debatidas pela historiografia, e que veio a tona novamente nesta efeméride vivida no ano de 2014, diz respeito a participação dos Estados Unidos no golpe militar de março de 1964. Considerando a vasta produção sobre o assunto, irei deter-me a análisar três escritos em específico: os artigos Reinventando a história: Lincoln Gordon e suas múltiplas versões de 1964, de James Green e Abgail Jones, e Os Estados Unidos diante do Brasil e da Argentina: os golpes militares da década de 1960, de Mario Raporport e Rubén Laufer. O terceiro texto a ser analisado consiste em uma entrevista de Carlos Fico, doutor em História pela Universidade de São Paulo, concedida ao Instituto Humanitas da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, de São Leopoldo-RS. Na entrevista, Fico também dá sua opinião sobre a participação norte-americana nos eventos que culminariam no golpe militar de março de 1964.     Antes de realizar qualquer comparação entre as produções escritas é necessário, primeiramente, fazer uma rápida apresentação de cada uma delas. James Green e Abgail Jones, em Reinventando a história: Lincoln Gordon e suas múltiplas versões de 1964, organizam seu artigo com base nos discursos de Lincoln Gordon, embaixador dos Estados Unidos no Brasil na década de 1960, ressaltando sempre o apoio do embaixador ao golpe militar e como o discurso de Gordon tornou-se incoerente ao longo dos anos, sempre que o embaixador tentava justificar seu apoio ao golpe e posterior ditadura militar que deu-se no Brasil. Em suma, os autores procuram, em um primeiro momento, verificar a percepção de Gordon sobre os fatos na época em que eles ocorreram, e, posteriormente, como a memória do embaixador modificou esta percepção ao longo dos anos, que o objetivo de criar um legado que fosse agradável a pessoa de Gordon. Por meio da análise dos discursos e de outros relatos escritos pelo embaixador aos seus comandantes norte-americanos, os autores evidenciam a participação dos Estados Unidos no golpe militar de Março de 1964. No artigo Os Estados Unidos diante do Brasil e da Argentina: os golpes militares da década de 1960, Mario Rapoport e Rubén Laufer também salientam a participação norte-americana no planejamento do golpe militar no Brasil, como também naqueles que aconteceram em outros países da América Latina, como é o caso de Argentina e Chile. Primeiramente, contextualizam o golpe militar na conjuntura da Guerra Fria, enfatizando o interesse dos Estados Unidos na América Latina, especialmente após o triunfo da Revolução Cubana de 1959. Nas palavras dos autores, seria inadmissível para os norte-americanos verem o Brasil, dada sua grande extensão territorial e sua relativa importância econômica, se tornar uma "nova Cuba". Assim sendo, grande parte do texto está construído com base nos diferentes meios que os norte-americanos utilizam para auxiliar na construção do golpe militar de 1964, que vão desde o apoio político e ideológico até um possível apoio militar em uma possível guerra civil. Na entrevista cedida ao Instituto Humanista da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Carlos Fico expõe seu pensamento sobre a participação norte-americana no golpe militar no Brasil. Convergindo com os autores dos dois artigos já citados, para Fico a participação norte-americana nos antecedentes e consolidação do golpe é inquestionável, dando enorme ênfase para o embaixador norte-americano no Brasil, Lincoln Gordon, como personagem que convenceu o presidente dos Estados Unidos a época do ocorrido, John Kennedy, a realizar intervenções com o objetivo de desestruturar o governo "esquerdista" de João Goulart.Em todos os escritos analisados, a participação norte-americana no planejamento do golpe militar de 1964 é inquestionável. Green e Jones fazem uso dos relatos de Gordon para demonstrar como o embaixador norte-americano modificou seu discurso ao longo dos anos; Apesar deste nunca ter afirmado a participação norte-americana no golpe, após o aparecimento dos documentos sobre a operação Brother Sam, Gordon deixou de negar veementemente a participação norte-americana no golpe:
Ele passou a usar uma linguagem mais matizada e focada em pontos específicos do plano de contingência, como fez em 1976, quando declarou que a CIA não desempenhou nenhum papel no golpe, "dirigindo-o ou financiando-o". Ele nunca esclareceu essa ambiguidade. (GREEN; JONES. 2009, p. 81).
            Para os autores, Gordon apoiou o golpe militar de 1964. Após a longa ditadura que se seguiu, procurou justificar seu posicionamento de diferentes maneiras. Em suma: "a realidade, o que mudou, ao longo dos anos, foram os argumentos utilizados por Gordon como desculpa para legitimar sua visão anticomunista e sua política golpista. GREEN; JONES. 2009, p. 81)."  Rapoport e Laufer, assim como Green e Jones, também apontam para a participação norte-americana no golpe militar de 1964.
ob a pressão dos setores conservadores internos,dos interesses norte-americanos afetados pelas expropriações e dos “duros” do Departamento de Estado preocupados com o rumo da política externa brasileira,os Estados Unidos – através da CIA e da própria Embaixada – modificariam posição vacilante, passando a colaborar ativamente com grupos anti-Goulart como IPES (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais) e o IBAD (Instituto Brasileiro para a Ação Democrática) , financiando seu equipamento e propaganda.   ( LAUFER; RAPOPORT, 2000, p. 74).

 Em Os Estados Unidos diante do Brasil e da Argentina: os golpes militares da década de 1960, a ênfase maior está na intervenção política que os Estados Unidos vinham realizando no Brasil desde as eleições de 1962. A Figura do embaixador Gordon também é destacada como figura importante no processo que culminaria no golpe militar. Gordon seria o responsável por enviar ao governo norte-americano notícias sobre o governo Goulart e como este estaria se preparando para entregar o país nas mãos dos comunistas.
O embaixador Gordon admitiria mais tarde que os Estados Unidos investiram aproximadamente cinco milhões de dólares na missão de torcer a vontade eleitoral de parte significativa da cidadania brasileira (outras fontes calculam entre 12 e 20milhões de dólares), em sua maior parte, proporcionados pela CIA e canalizados através do First National Bank of New York e do Royal Bank of Canadá ( LAUFER; RAPOPORT, 2000, p. 76).

            O historiador Carlos Fico Corrobora com as informações apresentadas pelos autores analisados anteriormente. Para ele, a democracia brasileira foi derrubada pela "democracia norte-americana". Na visão de Fico, o governo de Castelo Branco foi o auge do alinhamento entre o Brasil e os Estados Unidos, o que se reflete também na produção de Green e Jones, que ressaltam o incondicional apoio de Gordon ao primeiro presidente do regime militar. Como ponto em comum, destaca-se o "arrependimento”, sempre demonstrado de maneira muito tímida, de parte do governo norte-americano após que as torturas tornaram-se uma constante no regime militar brasileiro. A história do envolvimento dos Estados Unidos na preparação do regime militar brasileiro ainda é bastante nebulosa, visto os documentos existentes e que ainda não foram revelados. Os poucos registros que vieram a público, na visão dos autores analisados, indicam uma inegável participação norte-americana. Os debates historiográficos sobre o assunto, logicamente, não se limitam aos autores analisados.

Povos indígenas do Rio Grande do Sul



OS POVOS INDÍGENAS PAMPEANOS: CHARRUAS E MINUANOS
            Denomina-se genericamente de povos pampeanos os grupos indígenas que habitavam a atual região do Uruguai, parte do Pampa e do Chaco argentino e do estado do Rio Grande de Sul. Com uma organização caçadora e coletora, possuíam como língua dominante o idioma Quíchua, possuindo um vínculo de identidade entre si. Destacam-se, entre os índios pampeanos, os grupos Charrua e Minuano.Os povos pampeanos descendem dos mais antigos grupos de caçadores e coletores que se instalaram na região do pampa platino durante a última grande glaciação. Apesar das poucas informações existentes sobre os Charrua e os Minuano, a cultura material encontrada sugere que suas técnicas de lascamento de pedra eram consideradas bastante avançadas, elaborando pontas de flechas com retoques bastante bem realizados. Em muitas regiões, estes grupos passaram a se instalar em pequenas elevações, conhecidas como cerritos, locais onde deixaram marcas de suas atividades diárias, como pesca, cerâmica e enterros rituais.
É importante lembrar ao leitor que a estes grupos Charrua e Minuano faz-se a correlação etnográfica com os “Cerritos de los índios”, montículos de terra bastante comuns nas regiões do litoral e pampa do território já mencionado. Estes montículos de terra são geralmente tratados pelos arqueólogos como áreas de moradia, cemitérios, demarcadores de fronteiras sociais, monumentos de memória e identidade e marcos na paisagem, construídos pelos grupos ameríndios a partir de aproximadamente 5000 anos atrás até, pelo menos, 200 anos, quando então, dadas às transformações sociais e culturais vinculadas ao processo colonizatório, pararam de ser construídos (MILHEIRA, 2008, p.179).
            Ainda, sobre os Cerritos, temos a seguinte definição:
Em relação aos Cerritos, pode-se dizer que estas são estruturas arqueológicas monticulares constituídas predominantemente com terra e diferentes tipos de vestígios de cultura material: arqueofauna, instrumentos líticos e cerâmicos ,estruturas de fogueiras e enterramentos humanos. Os sítios arqueológicos com Cerritos encontram-se no Sul da América do Sul, distribuídos nas porções Leste e Norte do Uruguai, Sul do Brasil (Rio Grande do Sul) e na porção Nordeste da Argentina. (NAUE apud GARCIA; MILDER, 2012,p. 37).

Apesar de serem seguidamente citados de maneira conjunta, Charruas e Minuanos foram dois grupos distintos. Conforme Becker (2002). Como já destacado anteriormente, ambos os povos pertencem ao mesmo grupo linguístico, Quíchua, mas não se sabe se falavam línguas ou apenas dialetos distintos. Devido à falta de conhecimento histórico, algumas vezes são mencionados como um único grupo. De acordo com Garcia e Milder (2012) os Charrua e os Minuano foram distintos em aspectos físico, social e cultural e quanto aos seus territórios de domínio. No entanto, os relatos e as associações feitas sobre esses grupos, muitas vezes são equivocados, sendo frequente a confusão entres os grupos, os tratando como um grupo homogêneo. Um fator a se destacar são as diferenças físicas entre os indivíduos de cada povo:
Pertenciam à raça pampeana; tinham estatura variável entre 1,76 m para os homens e 1,68 a 1,66 m para as mulheres. Eram de constituição física normal com algumas diferenças mercantes entre os grupos. Tinham os membros bem conformados, com pés e mãos relativamente pequenos. Dolicomorfos, de olhos amendoados, pretos e olhar penetrante; o nariz variava entre aquilino e levemente achatado. Eram de cor morena acentuada; cabelos lisos, pretos, não muito abundantes assim como a barba que era bastante rala. Os homens usavam o cabelo solto, ou preso ao redor da testa por uma tira de couro; as mulheres usavam-no em trança ou raramente solto. As diferenças físicas entre os dois grupos estavam na altura; os minuano eram alguns centímetros mais baixos e menos robustos que os Charrua. O dimorfismo sexual era acentuado, tendo as minuanas os seios mais volumosos que as charruas; a boca e olhos também maiores; os lábios mais grossos e o nariz mais achatado ( BECKER, 2006,p.135).

Havia, também, diferenças culturais:

Prosseguindo os relatos sobre as distinções destes grupos, vê se que haviam também significativas divergências culturais entres os mesmos quanto aos seus aspectos sociais. Entre os Minuano, as mulheres parecem ter tido maior igualdade perante aos homens de seu grupo do que as Charrua, existindo algumas que chegaram a exercer atividades médicas e ter a liberdade de beber nas cerimônias xamânicas com os homens, posição não permitida às Charrua. ( GARCIA; MILDER, 2012, p. 41).


No estado do Rio Grande do Sul, Charrua e Minuano estavam localizados nos campos do Sudeste e do Sudoeste, aproximadamente até a altura dos rios Ibicuí e Camaquã, estendendo-se para o território uruguaio e argentino, este último em pequena proporção. O contato com os conquistadores europeus obrigou os grupos indígenas a fazerem vários deslocamentos; Contudo, as posições originais dos primeiros séculos de ocupação ainda são bastante perceptíveis.  temperamento arredio e retraído, os grupos pampeanos geralmente são retratados como bons cavaleiros que, com suas boleadeiras, arcos e flechas, vagavam pelos campos caçando diversos animais para seu sustento. Apesar das inevitáveis transformações que ocorreram no cotidiano após o contato com os europeus, Charrua e Minuano não perderam a índole guerreira, cultivando ao longo do tempo o caráter de inconformidade diante da dominação europeia, o que contribuiu para o extermínio do grupo em meados do século XX. Garcia e Milder (2012) destacam que os contatos  dos Charrua com a Espanha e dos Minuano com Portugal, não significam a submissão ameríndia a estas coroas europeias, uma vez que houveram represálias constantes  por parte dos dois grupos.
De acordo com Becker (2002), a organização social, alicerçada na família, foi uma constante entre Charrua e Minuano até os momentos finais dos dois grupos. Mesmo com o contato com portugueses e espanhóis, algumas características iniciais, como a poligamia, mais frequente entre os Charrua, permaneceram. No que diz respeito à educação, nos grupos Charrua, a educação dos filhos era dirigida pelas inclinações individuais, assim como entre os Minuano, onde a educação também era responsabilidade dos pais. Em ambos os grupos, a família, que possivelmente era nuclear de linha paterna, constituída pelo casamento, absorvia os homens já em idade madura; Entre os Minuano, as mulheres casavam-se precocemente, e, assim como entre os Charrua,  estavam submissas ao maridos. Em relação ao filhos:
Os filhos entre os Charrua, aparentemente, eram criados pelos pais biológicos, enquanto entre os Minuano a educação das crianças costumava ser de responsabilidade dos pais até o período de lactância, e após esse momento, a responsabilidade de prosseguir a educação das crianças passava para algum familiar. Entre os Charrua era comum familiares ou outras pessoas se disponibilizarem a acolheros órfãos de seu grupo por meio de adoção. (BECKER apud GARCIA; MILDER, 2012, p.42).

            No entendimento de Becker (2002), o avanço da colonização efetiva acrescentou as culturas dos grupos nativos os produtos dessa colonização, dando aos indígenas uma gama de possibilidades, ainda que continuassem caçadores. Contudo, ocorreram mudanças na caça preferida, que passa a ser o gado; Muda também o transporte e vários hábitos. Assim, os grupos Charrua e Minuano tornaram-se pequenos criadores de equinos e bovinos, tanto para seu sustento como para o comércio por troca de bens coloniais com os europeus, de maneira que ambos os grupos foram se incorporando à economia colonial, mas não de forma intencional. Esta integração, por ter ocorrido de maneira forçada, é periférica, uma vez que os índios não conseguiram desenvolver uma economia nos moldes dos brancos.







As cartas e a História



Ficha de leitura de MALATIAN, Teresa. Cartas: Narrador, registro e arquivo. In: PINSKY, CarlaBassanezi;  LUCA, Tania Regina de. O historiador e suas fontes.  São Paulo: Contexto, 2009, p. 195-39.
-Em Cartas: Narrador, registro e arquivo, Teresa Malatian (2009) realiza uma reflexão acerca do uso de cartas como fonte importante para pesquisas históricas.
-As castas constituem um gênero cultivado desde a antiguidade, como forma literária e fonte de informações para estudos biográficos; A partir do século XVIII, assumiram também uma dimensão educativa, sendo utilizadas' na formação de jovens devido ao ser caráter de "arte formadora da existência.
- Verifica-se, a partir do século XIX, o fortalecimento do gênero autobiográfico, quando tornou-se comum refletir e falar sobre si mesmo e enviar resultados a terceiros, dando origem a uma cultura epistolar bastante específica, submetida as regras de etiqueta.
- A partir do século XVIII as cartas passaram a expressar cada vez mais sentimentos e experiências; O hábito da correspondência difundiu-se, alcançou diversas camadas sociais e transformou-se em uma prática cultura apreciada na Europa e na América; O públicou escritor também modificou-se, deixando de ser preferencialmente masculino e tornando-se majoritariamente feminino.
-A historiadora Michelle Perrot alerta para a adoção de códigos de sociabilidade presentes nas cartas, uma clara tentativa de expressar a vida privada segunda as regras de boas maneiras da sociedade burguesa da época; Não sendo declarações espontâneas, as cartas ocultavam e revelavam os autores de acordo com as regras de boas maneiras e de apresentação de si.
- Diante da necessidade de uma codificação social, a arte de escrever cartas tornou-se objeto de educação formal nas escolas, onde os manuais estabeleciam os temas a serem abordados de acordo com o grau de intimidade que o emissor compartilhava com o destinatário.
-A partir do século XIX também é possível perceber o desenvolvimento da indústria da carta: papeis de diferentes cores e formatos, tarjas pretas para indicar luto, ilustrações em ocasiões festivas; Estes detalhes podem revelar informações relevantes, como o grupo de origem e de destino da carta e o território social de circulação.
-Sobre o momento de realizar a leitura de uma carta biográfica;Para Malatian (2009),  momento biográfico são as cartas expressando dimensões culturais do sugeito. A autora destaca:
           Ao ter acesso a esses fragmentos, o historiador espia por uma fresta a vida privada palpitante, dispersa em migalhas de conversas a serem decodificadas em sua dimensão histórica, nas condições socieconômicas e na cultura de uma época, na qual público e privado se entrelaçam, constituindo a singularidade do indivíduo em uma dimensão coletiva. Processo identitário que se define constantemente e elimina qualquer suposição  de coerência e continuidade de atitudes, sentimentos ou opiniões. (MALATIAN, 2009, p.3).
            Considerando a subjetividade e as diferentes trajetórias de cada indivíduo, as cartas apresentam a todo momento uma "pose" de si mesmo, o " eu estou aqui". Portanto, para a prática epistolar, é necessário possuir o dominío da da imagem de si; Apesar das escolhas realizadas pelo escritor, os eventos narrados devem parecer verdadeiros para o leitor.
-É inegável que censura e autocensura estão presentes na atividade epistolar. Não raramente o historiador não obterá a autorização de famílias para ter acesso as cartas, sob as mais diferentes justificativas. Em outras ocasiões o acesso é limitado. Em suma, o desejo de controle da memória, de preservação de imagem pública e da manutenção de segredos  impõem obstáculos ao historiador.
-Entender o gênero epistolar é de suma importância para o historiador, levando-o a entender as cartas não somente como fonte de informações, mas também como objeto. Conhecendo-o, o historiador poderá mapear as redes de sociabilidade nas quais os indivíduos se inserem e os vínculos existentes entre os correspondentes.
-Amplas são as possibilidades que as cartas apresentam a um historiador; Caberá ao profissional decidir se irá trabalhar com história da literatura, da educação, da cultura, etc. Em suma, é importante definir o problema ou a questão a ser colocada aos documentos, sempre levando em consideração o caráter subjetivo do escritor e o contexto cultural em que o material foi escrito. É necessário lembrar sempre  que as informações contidas nas cartas são versões individuais ou coletivas construídas sobre algum acontecimento vivido pelo narrador ou do qual ele se interou.
-Vistas como fonte ou como objeto, as cartas devem sempre ser confrontadas com outras fontes, procurando alcançar uma percepção nuançada de seus objetivos, conteúdos e implicações; Sempre que possível é válidos unir correspondência ativa e passiva, gerando um rico quadro analítico.
- A emotividade presente nas cartas pode ameaçar o distanciamento que o historiador deve ter em relação aos documentos; Outro perigo é a projeção autobiográfica, onde o historiador cria uma relação com o sujeito estudado, dificultando uma análise crítica da fonte; Apesar da empatia pelos sentimento do passado, o profissional da História deve escapar de uma excessiva identificação com seu objeto, rompendo o encantamento existente quando se tem acesso a vida íntima de indivíduos do passado.
-Cartas de família são muito frutíferas para  estudos biográficos e do cotidiano. Neste tipo de documento o historiador pode analisar a motivação que levou à escrita, as condições de produção, de circulação, etc.
-Vulneráveis a censura oficial, as cartas de família também desenvolveram códigos sociais, maneiras de dizer sem dizer. Frases Como "peço-lhe que destrua depois de ler" não são incomuns. Do ponto de vista cultural, cartas familiares podem revelar dados como apelos a data, hora, ritmo epistolar, tempo gasto na escrita, momento de chegada ou partido do correio, além dos claros indícios de experiência pessoal do tempo.

-Por fim, ainda é possível ao historiador verificar nas cartas de família como constituía-se refúgio contra agressões do exterior, mobilizada como instrumento de identificação segundo laços de sangue, aliança, amizade. É possível estudar a história da família, uma vez que as cartas apresentam palavras de solidariedade e acompanha a circulação de bens materiais.

Testamentos e inventários

As fontes de trabalho do historiador:

Ficha de leitura de FURTADO, Júnia Ferreira. A morte como testemunho da  vida. In: PINSKY,Carla Bassanezi; LUCA, Tania Regina de.  O historiador e suas fontes.São Paulo: Contexto, 2009, p. 93-118.
- Em A morte como testemunha da vida, Júnia Ferreira Furtado (2009) destaca as amplas possibilidades que inventários e testamentos oferecem como fonte de pesquisa histórica; Além de testemunhos sobre a morte, tal documentação pode transformar-se em testemunho sobre a vida, tanto material quanto espiritual.
-Em uma comparação simples entre os dois documentos, pode-se afirmar que o testamento é produzido nos momentos que antecedem a morte do indivíduo, registrando ainda em vida a última vontande do testador; Por sua vez, o inventário é feito após a morte, e por meio dele os bens do falecido comforme  as regras legais e sua última vontade, em casos onde há testamento. Em comum, ambos são regidos por leis específicos e tratam sobre bens materiais. Para melhor estudar tal documentação, é importante que o historiador conheça as leis vigentes no período em que os escritos foram produzidos.
- A dinâmica do texto consiste, em grande parte, em uma comparação entre as Ordenações Filinas e o Código Brasileiro de 1916 a respeito das regras que regiam a elaboração de testamentos e inventários. Nesta comparação, o primeiro ponto abordado pela autora é sobre os limites e o direito de testar.
-As Ordenações Filipinas proibiam que determinados grupos fizessem testamento: homens menores de 14 anos e mulheres menores de 12 anos, loucos, heréges, escravos. Estes últimos, apesar da proibição legal, não foi seguida à risca. O Código Brasileiro de 1916 seguiu basicamente os mesmo princípios, exceto com relação a idade mínima, que foi elevada para 16 anos; O Novo Código Civil Brasileiro, por sua vez, mantem a idade mínima em 16 anos e veda o direito de testar aos incapazes sem discernimento.
-Testamentos, apesar de servirem na maioria das vezes para doar bens, também era utilizados para proibir que determinada pessoa tivesse acesso aos bens do indivíduo após sua morte; Em alguns casos, esposas que foram abondonadas pelos maridos deixaram em seus testamentos a vontade que seus bens não fossem dados aos esposos; A doação de bens para filhos ilegítimos também era prática comum. Em alguns casos, porém, a pessoa estava proibida por lei de receber bens, como é o caso dos sacrilégios, dos adulterinos e dos incestuosos.
-Além dos testamentos, existiam também os codicilos; De  acordo com as Ordenações Filipinas, codicilo é disposição da última vontade, porém sem a instituição de um herdeiro. Diferentemente do testamento, que tratava em sua tema principal da doação de bens, os codicilos eram utilizados para deixar determinações sobre o funeral ou esmola aos pobres.
-O próximo tema abordado no texto são os inventários. Para Furtado (2009), inventário post-mortem refre-se ao arrolamento de bens de um indivíduo feito após a morte com o objetivo de realizar a partilha dos bens entre os herdeiros. Assim, o inventário é o registro oficial do patrimonio deixado pela pessoa falecida, bem como a lista de créditos ou débitos do morto.
-As Ordenações Filipinas não obrigavam a realização de um inventário juducial quando os herdeiros acertavam amigavelmente a partilha dos bens do falecido, respeitando aquilo determinado no testamento, quando houvesse. Quando o falecido deixasse herdeiros menores de 25 anos, o inventário tornavasse obrigatório.
-Apesar de serem semelhates, testamentos e inventários não se anulam, mas relacionam-se entre si. Se o falecido deixou um testamento, este deve ser respeitado e transcrito no início do inventário; Porém, um inventário pode prescindir de um testamento.
-Não há duvidas de que testamentos e inventários são fontes riquíssimas para o trabalho do historiador. São comumente utilizados de maneira serial, apontando aspectos e valores de determinada sociedade. Porém, ao utilizar tais é fontes, é necessário que o historiador tome alguns cuidados, alertando-se para o fato que tratam-se de documentos oficiais, escritos em modelo padrão e com grande possibilidade de omitir alguns bens e supervalorizar outros; Quando utilizados de forma serial, é importante ver ser os documentos selecionados possuem grau de representatividade em relação ao conjunto da população estudada; Por fim, faz-se importante lembrar que o tempo do testamento é breve, enquanto um inventário pode desenrolar-se por vários anos.
- A temática religiosa pode ser estudada com base em testamentos e inventários. Os testamentos mais antigos oferecem uma séries de informações sobre religiosidade, como os santos de devoção, as irmandades religiosas que receberiam bens do falecido, as cerimônias de sepultamento, etc. Nos inventários, apesar de estas informações aparecerem em menor número, é possível encontrar gastos realizados para garantir a "boa morte", isto é, o número de missas que deveriam ser rezadas pela alma. A crença católica na existência de um purgatório potencializou este tipo de escrito nos inventários.
-A ascensão da burguesia e a aparente oposição entre a mentalidade burguesa e a ética cristã também pode ser percebida em testamentos e inventários. Se em um primeiro momentos os testamentos apresentavam pessoas pedindo a salvação da alma invocando o sofrimento que Jesus Cristo que padeceu na cruz, passou-se a solicitar a chegada aos céus em troca dos merecimentos de trabalhador do indivíduo, em uma clara valorização do trabalho.
-Ordens religiosas também são temas frequentes nos documentos, uma vez que era comum o falecido deixar parte dos seus bens para estas instituições. A inquietação do testador diante da morte também é algo visível, uma vez que a recomendação de como se executariam os ritos mortuários era fundamental para identificar o lugar que o individuo ocupava na sociedade. Luxo e ostentação eram fundamentais.
-Alforrias de escravos também são temas comuns em testamentos. Não raramente, no momento da morte, as pessoas alforriavam escravos em sinal de caridade. Além disso, investários se revelam como preciosos, uma ves que apresentam o plantel de escravos do falecido, registrando idade, preços e outros aspectos.
-Outra possibilidade que os documentos apresentam é de estudar a história de famílias e da cultura material, uma vez que testamentos e inventários revelam aspectos sobre a dinâmica familiar anteriormente a morte do testador e algumas vezes nos anos progressos ao falecimento, além de apresentarem dados sobre objetos individuais do falecido, como roupas e livros.

-As possibilidades de pesquisa abertas por testamentos e inventários são bastante amplas e, em alguns casos, pouco exploradas. É função dos historiadores procurar fazer o melhor uso possível destas riquíssimas fontes para o estudo da História.