quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Viajantes no Rio Grande do Sul- Luccock

Luccock
John Luccock, nascido em 1770, foi um comerciante inglês. Aproveitando o momento propício para o comércio inglês no Brasil, após a vinda da família real portuguesa, em 1808, o comerciante visitou o Rio Grande do Sul e aqui permaneceu durante dois meses, no ano de 1809.                                                                                  

Regressando à Inglaterra, Luccock publicou, em 1820, suas observações durante a permanência no Brasil, sob o título de Notas sobre o Rio de Janeiro e partes Meridionais do Brasil. No período em que esteve no Rio Grande do Sul, esteve em Pelotas, Rio Grande e Porto Alegre, fazendo detalhadas observações sobre estas cidades, especialmente no que diz respeito à geografia local. Descreveu o porto de Rio Grande, com ênfase para os grandes bancos de areia. Comentou, também, sobre os passeios realizados às ruínas do Forte Nossa Senhora da Conceição do Estreito, destacando a amabilidade com a qual foi tratado pelos moradores da cidade.                                                                                  

Outro ponto da cidade que Luccock considerou importante fazer referência foi a catedral, que classificou como “singela, tanto por fora como por dentro”, sendo, porém, bela. A alfandega, diferentemente da igreja, foi considerada “digna de lástima”, assim como a cadeia, descrita como um prédio com péssimas condições de ocupação. A casa do governador não se destacava das demais, mas sua presença, nas ruas, era anunciada com tambores e ovações. Nas palavras do viajante, o governador usava uniforme de general e, durante seu passeio pela cidade, cumprimentava as pessoas de maneira cordial, transmitindo conforto e segurança.                                                                                    

Luccock veio ao Rio Grande do Sul seduzido pela possibilidade de enriquecimento, uma vez que o comércio inglês estava em alta no Brasil. Antes de iniciar a venda de seus artigos, o navio do viajante foi vistoriado por ingleses, que terminaram a tarefa rapidamente, e portugueses, que solicitaram “algumas propinas” para a liberação da carga. Quando iniciou o leilão para a venda dos produtos, apesar de Luccock ter infiltrado um conhecido para elevar os lances, a decepção não pode ser escondida, uma vez que esta mesma pessoa acabou comprando todos os lotes, dados os baixos lances.                                                                                                                                   

 Chamou a atenção do viajante a pouca presença de ingleses no Rio Grande do Sul, fator que o motivou a participar da criação de um clube inglês para “passar o tempo”. Destacou, também, o pouco luxo presente nas residências, aliado a um mobiliário simples, e a grande presença de escravos, visto afirmar que uma boa parte da população era formada por cativos.                                                                                                                                     

  Apesar de não serem um sucesso financeiro, os dois meses que Luccock permaneceu no Rio Grande do Sul valeram para descrever com detalhes o panorama econômico e social do estado no início do século XIX. Embora as expectativas de lucro do comerciante não tenham sido atendidas, a experiências que o inglês vivenciou no sul do Brasil serviram para dar um bom panorama do Rio Grande do Sul no começo do Oitocentos.            

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