quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

As Ditaduras no Cone Sul


Os anos sombrios
Os governos ditatoriais que existiram na América Latina ao longo do século XX ainda são temas de constante debate historiográfico. Por se tratar de um tema que envolve interesses de diferentes seguimentos da sociedade e que relativamente ainda atual, as ditaduras militares no Cone Sul vem seguidamente sendo reinterpretadas pela historiografia.               Sabe-se que é difícil estabelecer generalizações com relação a produção historiográfica recente sobre o tema nos diversos países, devido as variações das histórias nacionais e pelo funcionamento do âmbito universitário em cada país. Porém, como ponto em comum, verificou-se um grande interesse pela natureza e o processo político dos regimes autoritários e seus autores, ressaltando, inclusive, a dimensão autoritária. Neste contexto, a autonomia política foi utilizada para explicar os fundamentos, sendo que as ditaduras foram resultado de arranjos institucionais que respondiam as novas necessidades do capital institucionalizada que procurava apoio nas forças militares para proteger seus interesses e garantir a dominação da classe.                        
Contestando esta ideia, uma interpretação anti-economicista surge, produzindo diferentes resultados, criticando o desinteresse pelos estudos políticos e sociais, focando apenas na economia. Nos últimos anos, apesar de ter havido uma significativa melhora na compreensão das ditaduras como processos únicos em cada país, surgiram novas dificuldades, como a difícil tarefa de realizar comparação entre os regimes dos diferentes países sem cair no erro das homogeneizações.                                                
Um segundo tema que tenha sido alvo de estudo nos diversos países diz respeito as organizações e projetos políticos e revolucionários de esquerda, que teoricamente teriam sido o principal adversário real e imaginário das ditaduras, especialmente dos grupos armados. O interesse pelo aspecto ideológico deveu-se, muitas vezes, a uma historiografia com grande empatia pela esquerda em uma época em que o cenário político da América Latina estava em aberto e não se limitava a democracia liberal. Demonstra também a simpatia da historiografia com as vítimas mais visíveis dos regimes autoritários.              
Um terceiro tema que tem sido alvo de revisão pela historiografia diz respeito ao local e ao tempo onde estes eventos ocorreram. Tem-se, em um primeiro momento, estudos muito reduzidos no que refere-se ao eventos locais, provinciais, sendo que a maioria dos estudos abordava o país como um todos homogêneo. Logicamente, é necessário buscar uma história das regiões periféricas, que muitas vezes destoa da história tradicional das grandes capitais. É necessário também realizar uma renovação temporal das ditaduras, que devem ser entendidas dentro de um processo e não reduzidas somente ao período em que os militares estiveram no poder.                                                                   
Por fim, um tema que já foi revisto diz respeito aos grupos que participaram de tais governos; Em um primeiro momento, as ditaduras que eram chamadas de “militares”, passaram a receber a denominação de “civis-militares”, uma vez que se percebeu a forte participação da massa civil no processo que instaurou ditaduras nos países latino-americanos. Talvez sem o apoio dos civis, os militares não pudessem se manter tantos anos no poder, tal como aconteceu no Brasil, por exemplo.








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