Getúlio Vargas e a Revolução de
1930
A Primeira República no Brasil,
proclamada em 1889, foi um período marcado pela hegemonia das grandes
oligarquias na política nacional. Para manter no poder sempre os mesmos grupos,
diversas técnicas eram utilizadas, como a intimidação na hora da votação e
fraudes no momento de apuração dos votos. Durante este período vigorou a
Política do Café com Leite, acordo político que levava ao cargo de presidente
da república candidatos das grandes oligarquias do estados de São Paulo, maior produtor de café, e do estado Minas Gerais, maior produtor de leite.
Neste
contexto, Getúlio Vargas surgiu no cenário político nacional. Gaúcho, nascido
em São Borja em 1882, Vargas foi o líder civil de uma revolução ocorrida em
1930. Na eleição presidencial
daquele ano, como era de costume, o candidato que contava com o favoritismo,
Júlio Prestes, foi indicado pelo presidente, Washington Luís. Ao invés de
indicar um candidato mineiro, como recomendava a Política do Café com Leite, o
presidente preferira um candidato paulista, provocando desagrado nas
oligarquias mineiras. A candidatura de Júlio Prestes, oficializada apesar da
quebra do acordo entre mineiros e paulistas, contavam com apoio de grande parte
dos presidentes de estados. No entanto, os estados de Minas Gerais, Rio Grande
do Sul e Paraíba, demonstrando contrariedade ao candidato Prestes, lançaram
Getúlio Vargas como candidato a presidente, tendo João Pessoa, paraibano, como
candidato a vice-presidente.
A eleição de 1930 ocorreu em
um sábado, 01 de março. Como era de costume, foi marcada por fraudes. Na
ocasião, constatou-se a vitória de Júlio Prestes, com ampla margem de votos. A
Aliança Liberal, formada pelos três estados que apoiaram Vargas, não reconheceu
o resultado das eleições, questionando a vitória de Prestes. Diante deste fato,
iniciou-se uma conspiração no Rio Grande do Sul, objetivando impedir o paulista
de assumir a presidência.
Em
Julho, um fato trágico foi o estopim do início da Revolução de 1930. Na
Paraíba, João Pessoa foi assassinado por João Dantas, membro de uma família inimiga
na política. Embora o fato não possuísse qualquer relação com a eleição de
Prestes, foi utilizado como artifício para incendiar o país em um clima
revolucionário. Em outubro, o movimento começa de fato, partindo do Rio Grande
do Sul. O primeiro ato da Revolução de 1930 foi a tomada do Terceiro Quartel
General de Porto Alegre, ataque comandado por Osvaldo Aranha e Flores da Cunha.
A partir de então, como ajuda dos tenentes, a Revolução se espalhou por todo o
Brasil, derrubando governos estaduais favoráveis a Prestes. Em outubro, Vargas
ruma em direção ao Rio de Janeiro, a fim de assumir a presidência.
Com a
Revolução obtendo êxito, diversos políticos foram exilados, como Washington
Luís e Júlio Prestes. Em primeiro de novembro, uma junta militar passou o poder
a Getúlio Vargas, pondo fim a Primeira República. Por meio de uma revolução armada, o político
gaúcho depôs as oligarquias estaduais, exceto a mineira e a gaúcha, e assumiu a
presidência de maneira provisória. Porém, uma vez que estava empossado, criou
diversos meios para manter-se no poder e não ter a legitimidade de seu governo
questionada pela população e pelos demais partidos, pelo menos no momento em que estes ainda existiam.
Nos
quinze anos em que permaneceu no poder, Vargas enfrentou revoluções e, por um
período, governou de forma ditatorial. No
período entre 1930 e 1945, o Brasil assistiu a ascensão de grupos como a
Aliança Nacional Libertadora e a Ação Integralista Brasileira e vivenciou os
efeitos da Segunda Guerra Mundial. Não contou, no entanto, com a experiência de escolher, diretamente, a
pessoa que ocuparia o cargo de chefe do executivo.