quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Glossário- Guerras Mundiais e Revolução Russa

a) Neocolonialismo: processo imperialista de expansão territorial e cultural que foi desenvolvido pelas potências europeias sobre a África e a Ásia. Este processo, desencadeado pela segunda fase da Revolução Industrial, levou os países europeus a procurarem mercados para a produção excedente em outros países.
b) Belle époque: Período da história cultural europeia que vai do último quartel do século XIX até a eclosão da Primeira Guerra Mundial. Por trás dos conflitos entre os países europeus, o período é marcado como uma época de ouro de grande produção artística e cultural.
c) Tríplice Aliança: acordo militar entre Itália e os Impérios Alemão e Austro-húngaro. Foi formada em 1882. Um ano após estourar a Primeira Guerra Mundial, em 1915, a Itália mudou de aliança e passou a combater ao lado Tríplice Entente.
d) Tríplice Entente: aliança militar formada entre França, Império Russo e Reino Unido. Ao fim da Primeira Guerra Mundial os EUA entraram no conflito ao lado da Entente e foram decisivos para a vitória desta.
e) Guerra das Trincheiras: Período mais letal da Primeira Guerra Mundial na frente ocidental. Recebeu este nome pela técnica de combate adotada: os soldados abrigavam-se em grandes trincheiras cavadas por eles mesmos.
f) Tratado de Versalhes: oficializou o fim da Primeira Guerra Mundial em 1919. O Tratado impôs pesadas penas à Alemanha, fazendo com que o país perdesse partes de seu território e suas colônias ultramarinas, além de obrigar a redução do exército.
g) Liga das Nações: Criada após o término da I Guerra Mundial, era uma organização internacional onde os países pretendiam mediar conflitos, mantendo, assim, a paz e a ordem no mundo.
h) Sovietes: surgidos na Rússia em 1905, eram conselhos formados por operários, soldados e camponeses que lutavam por condições de vida mais dignas. Foram atores atuantes na Revolução Russa de 1917.
i) Domingo Sangrento: massacre ocorrido na Rússia em 22 de janeiro de 1905 na cidade de São Petesburgo. Manifestantes que exigiam soluções para os problemas do país ao czar Nicolau II foram massacrados.
j) Mencheviques: significa representantes da minoria. Trata-se de uma facção do movimento revolucionário Russo. Dissipou-se do Partido Operário Socialdemocrata Russo no segundo congresso do partido, quando Martov descordou da ideias de Lênin, líder Bolchevique.
l) Bolcheviques: significa representantes da maioria. Trata-se de uma facção do movimento revolucionário Russo. Dissipou-se do Partido Operário Socialdemocrata Russo no segundo congresso do partido. Tem como principal líder Vladimir Lênin.
m) Duma: assembleia legislativa do Império Russo que era convocada sempre que o país encontrava-se em crise, como é o caso das revoluções de 1905 e 1917. O czar tinha o poder de dissolver a Duma e convocar novas eleições sempre que quisesse.
n) Exército branco: força política e militar russa que se opôs aos Bolcheviques na Revolução de Outubro de 1917. Teve como principais líderes os generais Kornilov e Dernikin.
o) Exército Vermelho: exército criado por Trotsky, líder Bolchevique, para defender o governo de Lênin durante a Guerra Civil Russa (1918-1921). Era o opositor do Exército branco, comando pela oposição política, os Mencheviques.
p)Nazismo: regime instaurado na Alemanha em 1934 por Adolf Hitler. Foi a versão extrema do fascismo italiano de Benito Mussolini. Entre os fundamentos nazistas estão o nacionalismo, o imperialismo e o racismo.
q) Antissemitismo: é o preconceito ou ódio injustificado e gratuito contra judeus e tudo que está relacionado a este povo, como sua crença e sua cultura. Foi umas das características mais marcantes do nazismo alemão.
r) Holocausto: Foi o assassinato massificado de judeus (acredita-se que em torno de seis milhões) realizado pela Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Em hebraico, a palavra significa catástrofe.
s) Schutzstaffel: organização paramilitar existente durante a Alemanha Nazista. Edificada na ideologia nazista, a organização foi a responsável por comandar muitos dos crimes contra a humanidade cometidos durante a II Guerra Mundial. Também conhecida pela sigla SS.
t) Arianismo: crença sustentada pela ideologia nazista. A raça ariana seria superior às demais e deveria ser propagada para o mundo. O termo ariano, em sua origem, significa nobre, em uma clara visão de que esta etnia era superior as demais.
u) Fascismo: regime autoritário criado na Itália por Benito Mussolini após o término da I Guerra Mundial. No poder, Mussolini dirigiu um governo autoritário, proibindo partidos políticos e sindicatos não fascistas.


Viajantes no Rio Grande do Sul- Luccock

Luccock
John Luccock, nascido em 1770, foi um comerciante inglês. Aproveitando o momento propício para o comércio inglês no Brasil, após a vinda da família real portuguesa, em 1808, o comerciante visitou o Rio Grande do Sul e aqui permaneceu durante dois meses, no ano de 1809.                                                                                  

Regressando à Inglaterra, Luccock publicou, em 1820, suas observações durante a permanência no Brasil, sob o título de Notas sobre o Rio de Janeiro e partes Meridionais do Brasil. No período em que esteve no Rio Grande do Sul, esteve em Pelotas, Rio Grande e Porto Alegre, fazendo detalhadas observações sobre estas cidades, especialmente no que diz respeito à geografia local. Descreveu o porto de Rio Grande, com ênfase para os grandes bancos de areia. Comentou, também, sobre os passeios realizados às ruínas do Forte Nossa Senhora da Conceição do Estreito, destacando a amabilidade com a qual foi tratado pelos moradores da cidade.                                                                                  

Outro ponto da cidade que Luccock considerou importante fazer referência foi a catedral, que classificou como “singela, tanto por fora como por dentro”, sendo, porém, bela. A alfandega, diferentemente da igreja, foi considerada “digna de lástima”, assim como a cadeia, descrita como um prédio com péssimas condições de ocupação. A casa do governador não se destacava das demais, mas sua presença, nas ruas, era anunciada com tambores e ovações. Nas palavras do viajante, o governador usava uniforme de general e, durante seu passeio pela cidade, cumprimentava as pessoas de maneira cordial, transmitindo conforto e segurança.                                                                                    

Luccock veio ao Rio Grande do Sul seduzido pela possibilidade de enriquecimento, uma vez que o comércio inglês estava em alta no Brasil. Antes de iniciar a venda de seus artigos, o navio do viajante foi vistoriado por ingleses, que terminaram a tarefa rapidamente, e portugueses, que solicitaram “algumas propinas” para a liberação da carga. Quando iniciou o leilão para a venda dos produtos, apesar de Luccock ter infiltrado um conhecido para elevar os lances, a decepção não pode ser escondida, uma vez que esta mesma pessoa acabou comprando todos os lotes, dados os baixos lances.                                                                                                                                   

 Chamou a atenção do viajante a pouca presença de ingleses no Rio Grande do Sul, fator que o motivou a participar da criação de um clube inglês para “passar o tempo”. Destacou, também, o pouco luxo presente nas residências, aliado a um mobiliário simples, e a grande presença de escravos, visto afirmar que uma boa parte da população era formada por cativos.                                                                                                                                     

  Apesar de não serem um sucesso financeiro, os dois meses que Luccock permaneceu no Rio Grande do Sul valeram para descrever com detalhes o panorama econômico e social do estado no início do século XIX. Embora as expectativas de lucro do comerciante não tenham sido atendidas, a experiências que o inglês vivenciou no sul do Brasil serviram para dar um bom panorama do Rio Grande do Sul no começo do Oitocentos.            

As Ditaduras no Cone Sul


Os anos sombrios
Os governos ditatoriais que existiram na América Latina ao longo do século XX ainda são temas de constante debate historiográfico. Por se tratar de um tema que envolve interesses de diferentes seguimentos da sociedade e que relativamente ainda atual, as ditaduras militares no Cone Sul vem seguidamente sendo reinterpretadas pela historiografia.               Sabe-se que é difícil estabelecer generalizações com relação a produção historiográfica recente sobre o tema nos diversos países, devido as variações das histórias nacionais e pelo funcionamento do âmbito universitário em cada país. Porém, como ponto em comum, verificou-se um grande interesse pela natureza e o processo político dos regimes autoritários e seus autores, ressaltando, inclusive, a dimensão autoritária. Neste contexto, a autonomia política foi utilizada para explicar os fundamentos, sendo que as ditaduras foram resultado de arranjos institucionais que respondiam as novas necessidades do capital institucionalizada que procurava apoio nas forças militares para proteger seus interesses e garantir a dominação da classe.                        
Contestando esta ideia, uma interpretação anti-economicista surge, produzindo diferentes resultados, criticando o desinteresse pelos estudos políticos e sociais, focando apenas na economia. Nos últimos anos, apesar de ter havido uma significativa melhora na compreensão das ditaduras como processos únicos em cada país, surgiram novas dificuldades, como a difícil tarefa de realizar comparação entre os regimes dos diferentes países sem cair no erro das homogeneizações.                                                
Um segundo tema que tenha sido alvo de estudo nos diversos países diz respeito as organizações e projetos políticos e revolucionários de esquerda, que teoricamente teriam sido o principal adversário real e imaginário das ditaduras, especialmente dos grupos armados. O interesse pelo aspecto ideológico deveu-se, muitas vezes, a uma historiografia com grande empatia pela esquerda em uma época em que o cenário político da América Latina estava em aberto e não se limitava a democracia liberal. Demonstra também a simpatia da historiografia com as vítimas mais visíveis dos regimes autoritários.              
Um terceiro tema que tem sido alvo de revisão pela historiografia diz respeito ao local e ao tempo onde estes eventos ocorreram. Tem-se, em um primeiro momento, estudos muito reduzidos no que refere-se ao eventos locais, provinciais, sendo que a maioria dos estudos abordava o país como um todos homogêneo. Logicamente, é necessário buscar uma história das regiões periféricas, que muitas vezes destoa da história tradicional das grandes capitais. É necessário também realizar uma renovação temporal das ditaduras, que devem ser entendidas dentro de um processo e não reduzidas somente ao período em que os militares estiveram no poder.                                                                   
Por fim, um tema que já foi revisto diz respeito aos grupos que participaram de tais governos; Em um primeiro momento, as ditaduras que eram chamadas de “militares”, passaram a receber a denominação de “civis-militares”, uma vez que se percebeu a forte participação da massa civil no processo que instaurou ditaduras nos países latino-americanos. Talvez sem o apoio dos civis, os militares não pudessem se manter tantos anos no poder, tal como aconteceu no Brasil, por exemplo.