-De acordo com Nora ( 1993) vários aspectos podem ser
utilizados para diferenciar história e memória; Enquanto a memória é mutável,
inconstante, sucetível a lembranças, a esquecimentos e ao tempo presente, uma
vez que recordamos o passado com base em nossas percepções atuais. A história,
por sua vez, é uma reconstrução sempre incompleta daquilo que não existe mais,
porém necessita sempre estar baseada na análise e no discurso crítico; A
memória é coletiva, plural e individualizada, enquanto a história pertence a
todos e a nínguem; Enquanto a memória é um absoluto a história só conhece o
relativo.
-Para a história, a memória é suspeita, uma vez que a
função da primeira é destruir e repelir a segunda. Para Nora, a história é a
deslegitimação do passado e o estudo da história não a exaltação do que
realmente aconteceu no passado, mas sim a anulação.
-A história do desenvolvimento nacional constitui uma
forte tradição coletiva na França, onde os historiadores procuravam construir
uma memória mais positiva, globalizante e explicativa que seus sucessores.
-É necessário atentar para a conscientização
historiográfica originada com uma "história da história" na França. O
cientificismo que a história ganhou no século XIX serviu para reforçar o
estabelecimento crítico de uma memória verdadeira. Tal fato pode ser
compreendido como a subversão de uma história-memória por uma história crítica,
com os historiadores interessados em buscar na história aquilo que não existe
nela mesma. Assim, a história passou a assumir sua desindentificação com a
memória.
-Os lugares da memória são, primordialmente, restos. A
memória constitui-se em particularidades de uma sociedade que prima pelo
coletivo, de diferenciações efetivas de uma sociedade que prima pelo
nivelamento.
-Os lugares de memória nascem do sentimento que não há
memória espontânea e que é preciso criar memórias de ações que não são
naturais. Se a história não interferisse nos lugares de memória, eles não
seriam o que são.
-Tudo que chamamos hoje de memória já não a é, mas sim
história. Contudo, é necessário realizar uma distinção entre memória
verdadeira, guardada no gesto e no hábito, e a memória transformada em sua
passagem pela história, que é voluntária e deliberada.
-Para Nora (1993) a memória está obrigatoriamente
ligada a algo material, pois nada mais é do que a constituição vertiginosa do
estoque material dos fatos que não somos capazes de relembrar.
-A produção de arquivos em grande quantidade é uma
característica do mundo recente. Passou-se de um tempo no qual apenas as
grandes instituições, como a Igreja, produziam arquivos, e chegou-se ao tempo
em que qualquer pessoa sente-se a vontade para escrever suas memórias. Tal fato
gera um acúmulo de arquivos imensurável.
-Foi necessário que os grupos humanos redefinissem sua
identidade na transição da memória para a história. Com isto, multiplicaram-se
as memórias particulares que reclamam a sua própria história.
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