sábado, 24 de outubro de 2015

Uma reflexão sobre História e Memória



-De acordo com Nora ( 1993) vários aspectos podem ser utilizados para diferenciar história e memória; Enquanto a memória é mutável, inconstante, sucetível a lembranças, a esquecimentos e ao tempo presente, uma vez que recordamos o passado com base em nossas percepções atuais. A história, por sua vez, é uma reconstrução sempre incompleta daquilo que não existe mais, porém necessita sempre estar baseada na análise e no discurso crítico; A memória é coletiva, plural e individualizada, enquanto a história pertence a todos e a nínguem; Enquanto a memória é um absoluto a história só conhece o relativo.
-Para a história, a memória é suspeita, uma vez que a função da primeira é destruir e repelir a segunda. Para Nora, a história é a deslegitimação do passado e o estudo da história não a exaltação do que realmente aconteceu no passado, mas sim a anulação.
-A história do desenvolvimento nacional constitui uma forte tradição coletiva na França, onde os historiadores procuravam construir uma memória mais positiva, globalizante e explicativa que seus sucessores.
-É necessário atentar para a conscientização historiográfica originada com uma "história da história" na França. O cientificismo que a história ganhou no século XIX serviu para reforçar o estabelecimento crítico de uma memória verdadeira. Tal fato pode ser compreendido como a subversão de uma história-memória por uma história crítica, com os historiadores interessados em buscar na história aquilo que não existe nela mesma. Assim, a história passou a assumir sua desindentificação com a memória.
-Os lugares da memória são, primordialmente, restos. A memória constitui-se em particularidades de uma sociedade que prima pelo coletivo, de diferenciações efetivas de uma sociedade que prima pelo nivelamento.
-Os lugares de memória nascem do sentimento que não há memória espontânea e que é preciso criar memórias de ações que não são naturais. Se a história não interferisse nos lugares de memória, eles não seriam o que são.
-Tudo que chamamos hoje de memória já não a é, mas sim história. Contudo, é necessário realizar uma distinção entre memória verdadeira, guardada no gesto e no hábito, e a memória transformada em sua passagem pela história, que é voluntária e deliberada.
-Para Nora (1993) a memória está obrigatoriamente ligada a algo material, pois nada mais é do que a constituição vertiginosa do estoque material dos fatos que não somos capazes de relembrar.
-A produção de arquivos em grande quantidade é uma característica do mundo recente. Passou-se de um tempo no qual apenas as grandes instituições, como a Igreja, produziam arquivos, e chegou-se ao tempo em que qualquer pessoa sente-se a vontade para escrever suas memórias. Tal fato gera um acúmulo de arquivos imensurável.
-Foi necessário que os grupos humanos redefinissem sua identidade na transição da memória para a história. Com isto, multiplicaram-se as memórias particulares que reclamam a sua própria história.
-


Nenhum comentário:

Postar um comentário