segunda-feira, 20 de junho de 2016

A Reforma Protestante - 7° ano

A Reforma Protestante
             No início do século XVI, a Igreja Católica continuava sendo uma instituição de grande poder na Europa. Apesar de o Renascimento ter despertado na população o espírito da descoberta e da dúvida, em nenhum momento houve um abandono da religiosidade. Assim sendo, a vida dos europeus era regrada a partir dos preceitos da Igreja.                                                                                         
          O clero, formado por aqueles que dedicavam sua vida à Igreja, como os padres e os monges, apresentava, por vezes, condutas que não condiziam com a vida de religiosos. Em tempos em que o sacerdócio poderia ser uma escolha política e social, ao invés de vocacional, não era raro ver padres desrespeitando o celibato ou monges com vidas desregradas. No campo devocional, relíquias falsas eram expostas para serem adorados em igrejas de toda a Europa: pregos que foram usados na crucificação de Jesus, ossos e roupas de santos, e, até mesmo, um prepúcio que teria sido retirado na circuncisão de Jesus. Em Roma, sede do papado, prostitutas se misturavam com comerciantes que vendiam estátuas de santos.                                                                                                                                  
          A venda de indulgências, atestados que, mediante pagamento, garantiam a salvação da alma de um fiel que padecia no purgatório, era outra prática da Igreja. Por uma quantidade em dinheiro e algumas orações era possível conduzir a alma de qualquer parente falecido ao paraíso. Nas praças, peças de teatro demonstrando o juízo final assustavam a população iletrada, que acreditava naquilo que via e ouvia. A Bíblia, não traduzida para idiomas locais, era acessada somente pelo alto clero.                                                                                                                                                                   
         Neste contexto, surgiu um homem chamado Martinho Lutero. Nascido em 1483, Lutero tornou-se monge em 1505, após ter sobrevivido a um temporal. Inconformado com algumas práticas da igreja a que pertencia, especialmente a venda de indulgência, o jovem monge começou a pregar contra a venda destes atestados, culminando com a publicação das noventa e cinco teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg, em 1517. Nestas teses, Lutero mostrava seu ponto de vista sobre a venda do perdão divino:
[...]13. Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas. [...]21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do papa.[...] 27. Pregam doutrina mundana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu].28. Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, pode aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.[....]
          
         Após a publicação das noventa e cinco teses o Papa Leão X ordenou que se fizesse um estudo sobre a publicação, chegando a convidar Lutero a modificar suas teses, sob pena de excomunhão, caso não o fizesse. Diante da negativa do monge, a excomunhão ocorreu em 1521, sendo Lutero acusado de heresia, ou seja, um crime contra a fé. Contando com o apoio de grande parte da burguesia e de muitos reis, insatisfeitos com o poder exercido pela Igreja Católica, Lutero dá início a sua própria igreja, hoje conhecida como Igreja Luterana. A Reforma Protestante, iniciada na Alemanha em 1517, espalhou-se para outros países, como Inglaterra e Suíça. Apesar de possuir doutrina próxima da católica, os protestantes possuíam algumas verdades de fé próprias:
- Sola scriptura: as verdades da fé devem estar contidas na bíblia, palavra infalível de Deus. Assim sendo, o magistério e a tradição da Igreja Católica não têm poder para determinar dogmas que não estejam nas Sagradas Escrituras.
- Sole fide: somente a fé suficiente para a salvação da alma, não sendo necessária a prática de boas obras durante a vida.
- Soli Deo Gloria: a salvação vem de Deus e foi alcançada por Deus apenas para sua glória.
            Após o cisma de 1054, quando ocorreu a divisão entre a Igreja Católica Apostólica Romana e a Igreja Ortodoxa, a Reforma Protestante foi a primeira grande divisão do Cristianismo na Europa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário